domingo

Quebrando o ciclo de tormentas contínuas, seguirei reproduzindo outras tantas.


28.Abril.09

Sonhou com aqueles corvos novamente. Aqueles malditos corvos.
Bicavam, avoavam, desciam rasantes sem dó, atacand com imensa brutalidade.
O céu escuro, dessa vez, não estava cravado de estrelas. Aqueles lábios se foram e levaram toda sua alegria e vontade de viver. Aí vinham os corvos. Malditos.
Traziam o terror, o pavor de viver, de morrer, trazim o vazio.
O céu estava escuro e calmo. De coorvos.



sem registro de data

Entrou no ônibus. Sei lá porque, pensou, insistiu em pegar o livro. Aí veio o enjôo, como sempre. Sempre enjoava. Parou de ler e ficou a olhar pela janela os faróis dos carros passando e piscando, riscando os rostos na rua.
O enjôo não passava, nem iria passar tão cedo. Foda-se, já ia descer mesmo. Era tudo culpa do uísque, é claro, e a ânsia não duraria muito mais.Pra curar o mal-estar tomaria outro então. Uísque cura tudo. Sempre cura.
Sentou, pediu uma dose, caubói. Jurava pra si e pra quem quisesse ouvir que não era alcoólatra, não ainda - todos sabiam que sim, inclusive ela, que tentava esconoder o fato de só mais uma dose não era nada.
"Um caubói pra menininha do batom, alí no balcão". Ela estava sempre no balcão. Dava a sensação de uma solidão acompanhada, nem que fosse do copinho.
Com a perna cruzada no joelho, os pés começaram a formigar, quase como quando gozava. Na companhia do copo, então, apoiada no balcão e na parede ao lado, fechou os olhos. Segurava o cigarro com a mão esquerda e com a outra acariciou o cabelo curto, desceu pelo pescoço nu

...
a terminar.

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