quarta-feira

Abriu os olhos velhos de pó. Secos. Tristes. Desesperançados. Tranquilos, quase mortos. Avistou o pequeno objeto há muito guardado enrolado em um papel de seda. O papel amarelado do tempo e do pó revelava o pequeno botão, liso e laqueado, um bonito botão pálido.

Não se lembrava de tê-lo guardado ali, tantas caixas e gavetas sempre visíveis, esquecidas no tempo de suas jovens memórias.

Abriu os olhos que há muito não abria. Como se tivesse esquecido que há de se ver, olhar, atentar, acompanhar.

Lembranças são assim, há que serem lembradas, oras.

Setembro

domingo


tristeza                  
chateação
compreensão             compreensão
paciência                   paciência
força
vontade                    
falta de vontade         força de vontade
decepções
irritações
                                  afogamento

segunda-feira

Sobre novidades

Cheiro de chuva chegando
Grama gastando tua pele
Enfia tua mão na terra úmida e macia
E teu cabelo se enrosca nos compridos caules que terminam em pétalas mornas de sol

A chuva chega e te escorre pelo corpo entregue
Te cobre e encharca
A terra,
A grama,
Tuas mãos,
E escorre pelo teu rosto
Junta poça nos teus ouvidos
Gotas de louças e de pérolas
Te formigam o corpo todo

O céu limpo te abraça e te nina
Te mima
Os raios de sol acariciam e te beijam calma e apreciativamente
Degusta esse querer
Corre para abraçar o ar que te chama
Corre para abraçar o ar que te abre os braços
E te sorri
E te chama
Te joga em eterna queda livre

As pedras te olham
A espuma te olha
As águas te olham
Já é tarde.

sexta-feira

Sobre o anonimato

Acho mesquinho. Acho fraco, vício e medo. Acho é pouco. Quem brinca com fogo sabe que pode se queimar. Ou, na pior das hipóteses, levar um copo de cerveja na cara pra acordar. Ou seria essa uma hipótese (oi?) melhor? Sou feliz sem saber da tua cara, até porque, não me dou ao trabalho à quem não se dá ao trabalho. Fechou? É, talvez eu possa ser cruel. De fato, me ensinaram que de boba tenho só a cara. Então fechou.