sábado

Sobre algo que nasce

E chegar agora em casa, com o seu cheiro na minha roupa, na minha memória, na minha pele; e o gosto da sua saliva, marcante, marcado, impregnado. A lembrança do seu toque na minha cintura, seus abraços, seus braços, seus sorrisos e, ah! aqueles olhos.
Ultimamente tudo tem me remetido a ele. Durmo e acordo pensando no cigarro dividido, nos cinco minutos longe de todos, do não-querer-que-o-tempo-passe, esse tempo que escorre, que se esvai e novamente me traz aqui.
Aí me lembro das palavras que me disse, inalteráveis, inalteradas, sonoras, presentes; e aí me lembro das palavras que disse, insuficientes porém cheias, gordas, gostosas e medrosas... mas corajosas.
E ah! algo no jeito como ele se move me afeta, me gasta, que eu gosto e quero mais, sempre mais que nunca será suficiente pra esse meu jeito impulsivo, passional e destrutivo, mas que será sempre muito bom.
E é bom que seja insuficiente, que nunca se esgote. Que nunca se esgote.
Que aí, sempre que chegar esse horário lembrarei dos beijos e das risadas e daquele olhar inigualável (e que olhar! e que olhos!), e lembrarei de tudo. Tudo.
É. Que nunca se esgote.