terça-feira

Sobre estrelas e sobre amor

Conheciam-se há pouco, muito menos daquele tempo "conheciam-se há anos" tão de sempre.
Ela, ingênua, do vivido e do viver, sempre tão na dela, sempre tão naquelas, naquelas delas de sempre-nela mesma como um pacto que pra si e pras mil-ela(s).
Ele, tão sempre aberto e acolhedor, sem outros-ele pra encontrar e reencontrar nas reviravoltas dos que não eram ele(s).
Aí veio o acaso, o mais puro acaso que já se encontrou:
Desde esse acaso, conheciam-se, então. Há muito pouco. Aquele pouco suficiente pra um relance transparente.
Vieram as coicidências, os encontros e conversas. A arte. O roquenrou dos Mutantes e das fadas (dos besouros?). O violão e a voz. A cerveja. O amor.
Amor platônico mesmo, amor que te une por sangue, pelo suor, pelo igual. Amor pela pura luxúria, pelo desejo, a vontade, a necessidade. O amor-amor. O amor dos amigos que se olham e se riem e não falam e não explicam e entendem e suportam e amam.
Amor platônico. Mesmo. Amor que unia todos os amores. Amor que não é suprido por amor algum. Amor além, inatingível, inultrapassável. Amor de dentro. De fora. Amor insaciável, insatisfeito. Eterno.
Amor tão amor que nem amor é.
Esse amor de menos-de-meia-dúzia-de-anos era tão amor que ela encontrou uma si mesma que não era mesma e muito menos si. Ela se encontrou como a Rita Lee que foi passear. E ele encontrou seu si numa vida de cachorro. Como caroço e maçã, que não sabiam qual vem de qual, pois nem sabiam qual era qual. Como uma alma segmentada por um fio de navalha, tão bem se encaixavam. Como uma alma que é una, como uma estrela que se faz e refaz de si mesma e de fora.
Ela e ele, e ela e ele e ela e ele como uma estrela.
Conheciam-se há pouco, mas eram uma estrela... Conheciam-se desde sempre.




datado de 21.Agosto.09, numa insana vontade de exprimir o inexprimível.
Sem cortes. Sem censura. Sem mudanças ou apurações ou lapidações.
O inexprimível em sua forma bruta, porém leve como uma brincadeira de rimas quase brancas.

Aquele abraço.