terça-feira

Sem julgamentos

[E quando dizes que devias ter mudado tuas perspectivas quando tinha tempo e não deixar-se levar em sonhos e desejos sinto medo, sinto pavor.]



A consciência é sofrida, é dolorida, sempre foi e sempre será. Maior sua densidade, mais e infindas angústias. O silêncio, o amor, a paixão, o conhecimento, os sonhos e desejos, as necessidades, as obrigações, tudo nos é passível de dor. Tudo nos é possível de dor.
E se não for assim, como costumo repetir, não tem graça.
Não que a alma agüente tal intensidade, tantos picos, oscilações e confusões por tanto tempo, hei de concordar.
Mas então chego ao seguinte ponto: a consciência, os sonhos, as obrigações... Não só esses são doloridos. Suas ausências também. Que vida triste teríamos sem sonhos, que sentimento de imprestabilidade (isso existe se for escrito assim?) nos afogaria sem as obrigações. Que miseráveis seríamos sem consciência.

Claro que meu ponto aqui não é tirar ninguém das trevas eternas de uma alma rasgada e consfusa, acho que todos nós precisamos disso, e eu digo com propriedade que isso tudo faz tão bem quanto mal.
Não, meu objetivo aqui não é dizer que isso tudo é muito ruim ou muito bom. Minha intenção é falar da necessidade de saber que isso é uma escolha. E há alguém que já teria dividido comigo muitas e muitas vezes suas concepções sobre escolhas...

O que se precisa na verdade é de tempo, então (hei de concordar e aceitar, também, até porque simplesmente compartilho do seguinte:) Tudo tem um tempo pra acontecer com cada pessoa e esse tempo jamais será revelado seja lá como for a nós, miseráveis e sujos humanos. Não existe uma marcação média de meses pra se dizer "amo você". Nunca houve uma quantidade mínima de tempo pra chegarmos à consciência da paixão. O tempo exato ou médio de tomar um duplo na padaria. O tempo nos é limitado, o corpo nos é limitado, um dia sucumbiremos à Natureza, mesmo achando que podemos dominá-la incondicionalmente (e não quero que isso seja papo ecochato agora).
O tempo é incontrolável, é relativo para cada coisa, em cada situação e com cada pessoa. [O tempo passa num quarto vazio?] Obviamente, eu direi também, não precisamos ficar esperando o tempo passar para achar que algo deve ser feito ou pensado. Devemos simplesmente sentir, pensar, fazer na hora em que nos for conveniente, ou em que o impulso nascer do élan de ligar, de falar, de calar. De chorar.
Poderia ficar falando horas e horas sobre isso, sobre essas coisas que nos atormentam os espíritos, a cabeça e o corpo, mas contraditoriamente estou atrasada.
Não que seja escritora, mas trabalhei um bom tempo nesse pequeno escrito, um tempo que agora me poda e que não tenho mais.
E claro, não foi tempo suficiente da mesma forma como nada nessa vida me será suficiente...

Sim, algo do tipo 'no satisfaction', mas menos dramático.

Nenhum comentário: